DE ONDE VEM A NOSSA PAZ?

DE ONDE VEM A NOSSA PAZ?

“Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados… Edificai casas e habitai nelas,
plantai pomares e comei dos seus frutos… Procurai a paz da cidade… e orai por ela ao Senhor,
porque na sua paz vós tereis paz”. Jeremias 29.4-7

Quando o assunto é política dois grupos se destacam: os alienados e os revolucionários. Os primeiros são reconhecidos pelo seu desinteresse pelas propostas ou pelo histórico dos candidatos devido a sua falta de esperança diante das possibilidades, esses são os que geralmente invalidam os seus votos, ou quando decidem votar, não o fazem por consciência pública, mas sim por interesses pessoais. Já o segundo grupo é marcado por pessoas tão apaixonadas que projetam nos candidatos escolhidos tanta expectativa que nem percebem que estão se perdendo em ilusões e utopias. Quando isso acontece a tendência passa a ser a “divinização” dos seus candidatos e, por consequência, a “demonização” dos seus oponentes. E é justamente nesse momento que surgem tantas divergências de opiniões que acabam gerando conflitos desnecessários e inimizades inexplicáveis.
O texto citado acima nos ajuda a evitarmos tais extremos tão comuns, uma vez que nos ensina alguns princípios muito importantes sobre a política:
1° A nossa grande esperança não vem de nenhum partido ou personagem político, mas sim do SENHOR dos exércitos. Essa passagem corresponde a uma carta enviada pelo profeta Jeremias ao povo que estava como escravo na Babilônia. Os falsos profetas incentivavam o povo a se revoltarem contra os caldeus, mas a Palavra de Deus os lembrou que embora estivessem em terra estranha continuavam em submissão ao único verdadeiro Rei. O v.4 diz que o Senhor era quem os havia deportado para lá. Da mesma forma nós não devemos nos iludir acreditando que determinado político resolverá nossos problemas. O apóstolo Paulo nos lembra que “a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). O próprio Senhor Jesus foi claro ao afirmar que o Seu Reino não era deste mundo (Jo 18.36).
2° Antes que o Reino de Deus se estabeleça de maneira definitiva nós temos responsabilidades para com essa terra em que vivemos. Os versos 5 e 6 falam sobre uma série de atividades práticas que influenciam diretamente as nossas vidas: Construir a casa/desfrutar de moradia, plantar/comer do fruto, casar/gerar filhos, casar os filhos/ter netos e etc. O contexto de cativeiro deve nos fazer pensar que para praticar tudo isso, necessariamente, deveriam pagar impostos ao governo enquanto o mesmo lhes forneceria as terras. Embora não se tratasse de uma democracia, podemos aprender daqui que, enquanto aguardamos a chegada do Reino, precisamos cumprir com as nossas responsabilidades de cidadãos desse mundo. Jesus afirmou que devemos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22.21), e Paulo nos ensinou a respeitar as nossas autoridades uma vez que são constituídas por Deus (Rm 13.1). E, certamente, essa responsabilidade inclui o preparo para escolher de maneira consciente os nossos representantes.
3° Embora tenhamos obrigação de nos informar e contribuir para um futuro melhor, precisamos lembrar que nossa melhor ferramenta sempre será a oração. No verso 7 o profeta lembra que a paz do povo de Deus depende da paz da cidade e, que essa paz só pode ser alcançada com oração. As orações não gerariam nenhuma mudança de governo, pois Deus já havia estabelecido que o cativeiro duraria 70 anos, da mesma forma, já sabemos que não retornaremos para a terra de que fomos deportados após a queda do primeiro casal, a não ser no novo céu e nova terra, contudo, o texto nos ajuda a entender que as nossas orações podem conduzir os processos políticos do nosso País para um tempo de alívio dos nossos sofrimentos ou, a falta das orações para um sentido contrário. Paulo também nos instruiu quanto a isso, dizendo que a vida tranquila e mansa com toda piedade e respeito depende das orações em favor dos governantes (1 Tm 2.2).
Sendo assim podemos rejeitar os títulos de alienados ou revolucionários e desejarmos ser conhecidos como os engajados, pois esses são os que lutam pelas necessidades do Reino de Deus em todas as suas dimensões, ou seja, tanto na pregação do evangelho quanto no exercício da cidadania, usando as estratégias corretas descritas na Palavra de Deus.

Rev. Ramonn Ribas Vitória

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