Coração Reformado
“Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis. Habitareis na terra que eu dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus.” Ezequiel 36.25-28.
Todos sabemos que o grande estopim para a Reforma Protestante foi o ato de Martinho Lutero acontecido no dia 31 de outubro de 1517. Ao afixar suas famosas 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha, com o objetivo de restauração e fortalecimento da igreja, inicia-se o movimento da Reforma.
Antes dele, outros como John Wycliffe, na Inglaterra, e John Hus na Boemia, pagavam o preço de perseguição e martírio em prol da verdadeira fé. Muitos cristãos protestantes foram alvo de martírio durante séculos, a semelhança dos primeiros cristãos. Somente por causa desse profundo compromisso deles com Deus, nós hoje, podemos receber a mensagem do amor, salvação e restauração da comunhão com Deus e podemos ter as Escrituras Sagradas em nossas mãos no momento que desejarmos.
Que privilégio, que herança, que grande tesouro conquistado pelo suor e sangue dos mártires. Mais do que isso. Sabemos que é o sangue de Jesus, o Filho de Deus, que nos propicia a vida com Deus. A grande pergunta é: Quanto tenho amado a Deus? Quanto tenho sido comprometido com Deus? O quanto amo a Bíblia que é a Palavra de Deus? Quanto testemunho a respeito da grandeza de Deus? Quanto vivo para adorar e exaltar a Deus hoje? O que tenho feito com a herança que custou o sangue dos mártires e, principalmente o sangue do próprio Cristo, o Filho de Deus?
O texto de Ezequiel revela que o problema do homem está muito além das estruturas que o cercam. O problema é o coração de pedra! O Salmo 126 celebra a restauração de Sião, de Jerusalém, mas, ao mesmo tempo traz a solene oração: “Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe. Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.” O grande problema do povo é denunciado mais uma vez: “Restaura, Senhor…” Embora as estruturas estivessem todas lá novamente, poucos estavam dispostos a semear para o Reino de Deus, continuar quando o choro vem, poucos querem exercer a fé de que Deus traz as torrentes na hora certa.
O texto de Ezequiel fala de abandono da idolatria e do pecado, de um coração que ama mais a Deus e Sua Palavra, de um povo que vive de tal forma que a afirmação “vós sereis meu povo, e eu serei o vosso Deus” não traz dúvidas. Em Cristo temos a condição de viver tudo isso. Mas temos vivido?
Quando celebramos a Reforma Protestante, devemos olhar não somente para as estruturas, que começam a ruir e demonstrar claro afastamento de Deus por parte dos herdeiros da Reforma em nossos dias, mas olhar profundamente para nosso próprio coração! Pois ele é a matéria prima que Deus usa em nós como base da Reforma.
Meu coração é mesmo um coração de carne? Um coração grato pela graça de Deus, confiante na obra de Cristo, firmado nos ensinos da Palavra de Deus, que busca agradar e exaltar tão somente a Deus? O Culto, a vida de oração, o testemunho, a comunhão, a busca por santidade, a dedicação a Deus a ao próximo fazem parte do meu cotidiano? Nossos atos testemunham essas verdades? Se não, talvez nosso coração seja ainda o coração de pedra e não o de carne! Precisamos da Reforma que só Deus pode fazer trocando nosso coração insensível por um que ama verdadeiramente ao Senhor! Pare de enganar-se e comprometa-se verdadeiramente com Cristo. Deus seja o teu Deus de fato e verdade! Deus te abençoe.
Só a Graça.
Só Cristo.
Só a Fé.
Só a Escritura.
Somente a Deus toda a glória!
Rev. Hédin Charles Mendes
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